domingo, 23 de fevereiro de 2014

O eremita


Assim como
o leito ressequido do rio
aguarda entre rachaduras
a água fugidia de seu nascedouro

O olhos áridos
vigiam entre miragens
o nascedouro estéril das vontades

Mas o leito permanece leito
no deserto de sua doação

Assim também
haveremos de caminhar
com os ossos enrijecidos
com os pés queimando em brasa
sobre o deserto das horas cotidianas
e sem nenhuma lágrima.

D.J.

2 comentários:

José Carlos Sant Anna disse...

Como um bom eremita vim para matar a minha sede, pois estava seco. E a palavra poética sempre aplaca qualquer sede.
beijo!

Denise disse...

Sim Zé, também ando com sede, muita, caminhando com os pés descalços nas rachaduras do leito ressequido do rio...e olhe que sou da água...agradecida pela visita, me estimulou a escrever e postar mais aqui, bjo