domingo, 19 de fevereiro de 2012

Fotografias do filme Livro de Cabeçeira, de Peter Greenway


“Corpo
e livro estão abertos.
Face e página.
Corpo e página.
Sangue e tinta.
Ponta dos dedos,
debrum do rebordo.
A superfície do limite
de cada página é tão macia
As marcas d’água
são como veias fluidas.
As páginas são tão harmoniosas
na sua proporção
Que desarmonia
em seu conteúdo é impossível.”

Trecho de um dos poemas de Peter Greenway
escrito em japonês no corpo de personagem do filme
The pillow book, 1996 (Livro de Cabeceira), deste diretor e
traduzido por Rafael Raffaelli. O filme foi inspirado no livro da escritora
japonesa Sei Shonagon (c.967- c.1017), Makura
no soshi (Notas do travesseiro).


sábado, 18 de fevereiro de 2012

Sobre a beleza


A solidão tem muitas faces
Toscas indumentárias
Alegres cenários
Ingênuas tranquilidades

Por vezes até acreditamos longínqua
Certamente é quando mais entranhada está
Exalando seu ácido odor
Derramando seu visgo bolorado
Excrementos de sua passagem constante
Pelos porões de nosso ser


Escapa assim, pelos poros,
pelo canto dos olhos
travando os lábios
silenciando os ouvidos
com sua gargalhada grotesca e estridente

A alma, atormentada,
Teima em inventar ridículos antídotos
Contra esta, nossa genuína condição.


Tudo porque a vida insiste em prevalecer
Caótica, insana e bela.

Acho que vou gritar.


Denise Magalhães