sábado, 30 de junho de 2012

Li o belíssimo texto sobre o envelhecer "meu, nosso e vosso Destino"de Ângela em seu blog Aeronauta http://wwwaeronauta.blogspot.com.br/, e lembrei-me deste meu escrito, já postado há algum tempo neste blog; talvez porque tenha a ver com velhice e certas estranhezas outras "impróprias" para a idade.


Vertigem

Olho minha aparência bem comportada
E vejo um rosto enfurecido
Uma cabeleira desgrenhada
Numa armação esquisita.
Olho minhas mãos envelhecendo
E vejo uma textura opaca
Veias sobressaltadas
Riscos de memórias.
Nos meus dentes escovados
Restos de minha própria carne.

Dentro de mim, esse bicho
Sempre à espreita
Rondando, faminto.
Se me distraio ele ataca.

É sempre assim,
Esses olhos de cão sobre mim,
Esse tempo sanguinário,
Essa alma insana
e essa louca
a gargalhar por onde passo,
Como morte,
como algoz,
como sentença,
em mim.

Denise Magalhães

2 comentários:

aeronauta disse...

Belo e terrível o seu poema, Denise. Parece uma espécie de redemoinho, fatal e de extrema beleza! Dá arrepios lê-lo, uma sensação esquisita e deslumbrante por estar vivo.
Abraço.

Denise disse...

Obrigada Ângela, coisas dessa vida em beira de abismos.

Abraço.