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Vertigens clandestinas

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Jeanne Hébuterne, “Portrait de la mère”.

Postado por Denise às 18:32

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Estufa, vela
Me leva, leva longe
Longe, leva mais."

Trecho da canção Vida, de Chico Buarque

Lá fora venta,

e ele cala uma fúria juvenil.

estremeço.

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Quando me despedaço, é porque preciso aumentar.
Sei disso, porque quando me reuno
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A Luz dos Livros

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O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.

João Guimarães Rosa

Perfume do Jardim

Perfume do Jardim

Renoir

"Na vida existem dois tipos de viajantes: os que olham no mapa e os que olham no espelho."

Do filme O Tempero da Vida

Desalojada

Sou longa que nem me alcanço

Tudo em mim se esgarça

Me aflige, às vezes, essa falta de contorno

Mas só às vezes

É bom não me saber

Assim, me faço e refaço de improviso

Não sou aderida a mim mesma

as coisas não me impregnam

a ponto de me pertencerem

Denise Magalhães

Foto Almodovar, os "Abrazos rotos"

Foto Almodovar, os "Abrazos rotos"

Ilha do golfo

Fotografia de Sebastião Salgado

Fotografia de Sebastião Salgado

Fotografia de Sebastião Salgado

Fotografia de Sebastião Salgado

Andarilho

Vê se cala esse olhar

Não vê que tenho certa espécie de ontens

fragilizados, cheios de lacunas,

becos escuros,

que me ferem como alfinetes?

Não me atiçe esses silêncios de abismos

Me deixe quieta

Não me provoque

Minha estrada é de barro

Estou muito empoeirada

E a lua está enorme

Esta noite.

Denise Magalhães

Estou tão absurdamente só

que meus olhos já não sabem se olhar.

Denise Magalhães

Minha alma, insaciável com sua língua,

já lambeu em todas as coisas boas e ruins,

em cada profundeza já mergulhou.

Mas sempre igual à cortiça

sempre bóia outra vez à tona

bruxuleia como óleo sobre os mares morenos:

por ter essa alma me chamam o Afortunado.

Nietzsche-Ditirambos de Dionísio

Edward Hopper

Edward Hopper

Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida, assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como essas nuvens do céu...
E só ganhar, toda a vida
Inexperiência...esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...

Mário Quintana

Quem disse que essas coisas
que me rodeiam são minhas?
O que me acerco são de pretextos
não existem, não me constituem.

Denise Magalhães

Perdi a idade.
Piedade!

Denise Magalhães

Não me olhes aí da tua ausência com essa gravidade um tanto infantil que fazia do teu rosto uma máscara de jovem faraó núbio. Acho que sempre ficou bem entendido que nós só daríamos um ao outro o prazer e as festas leves do álcool e das ruas vazias da meia-noite.

Júlio Cortázar
( Tua pele mais profunda.Último Round)

Modigliani

Modigliani

Jeanne- Modigliani

Jeanne- Modigliani

Jeanne - Modigliani

Jeanne - Modigliani

A valsa

A valsa

Camille Claudel

(...) como seria gentil se me comprasse uma roupa de banho azul escuro com galões branco, em duas peças, blusa e calça(tamanho médio), no Louvre ou no Bon Marché( de sarja) ou em Tours! Durmo nua todas as noites na ilusão de que está ao meu lado, mas quando acordo já não é mais a mesma coisa.
Um beijo
Camille
Sobretudo, não volte a me enganar.

( Carta de Camille Claudel a Auguste Rodin, 1891)

O abandono

O abandono

Camille Claudel

A imaginação, o sentimento, o imprevisto que surge do espírito desenvolvido é proibido para eles, cabeças fechadas, cérebros obtusos, eternamente negados a luz.

Camille Claudel

Camille Claudel

Inverno

Eu não aguento você assim
impregnado nos meus olhos
fazendo cara de mato
na cerca do jardim
só pra atiçar minhas saudades.

Ai de mim
que fico no telhado
engolindo nuvens
prá fazer olhar de chuva
prá molhar você de mim
prá ti ter nos meus braços
riacho,
capim.

Denise Magalhães