O céu
Quando a noite
encontra seu norte
e o silêncio
veste a cidade nua
não sou corpo
não sou alma
sou a casa da lua
solidão iluminada
tomada de eternidade
e da lembrança tua.
Denise Magalhães
terça-feira, 26 de maio de 2009
domingo, 17 de maio de 2009
sábado, 9 de maio de 2009
PARA CRIS
Agora escrevo pássaros.
Não os vejo chegar,
não escolho,
de repente estão aí,
um bando de palavras
a pousar
uma
por
uma
nos arames da página,
entre chilreios e bicadas, chuva de asas,
e eu sem pão para dar, tão somente
deixo-os vir. Talvez
seja isto uma árvore,
ou quem sabe,
o amor.
Julio Cortázar, Cinco últimos poemas para Cris,
Salvo el crepúsculo, 1984. Tradução Sidnei Schneider, 2007
Agora escrevo pássaros.
Não os vejo chegar,
não escolho,
de repente estão aí,
um bando de palavras
a pousar
uma
por
uma
nos arames da página,
entre chilreios e bicadas, chuva de asas,
e eu sem pão para dar, tão somente
deixo-os vir. Talvez
seja isto uma árvore,
ou quem sabe,
o amor.
Julio Cortázar, Cinco últimos poemas para Cris,
Salvo el crepúsculo, 1984. Tradução Sidnei Schneider, 2007
terça-feira, 5 de maio de 2009
Carta sobre a saudade:
Falam da saudade que é uma presença da ausência. Existe, pois, em mim uma saudade eterna, onde a ausência é roubada pela promessa. É que a ausência, tão presente se faz, quase não permitindo que eu sinta falta do que ela se constituiu, pois a promessa já é a presença mesma em meu ser, do que, por um milésimo de segundo, também é a ausência de minha saudade. E, quando presente, o que ausente é uma presença prometida, quase a roubar o que seja saudade, esta mais ainda assim é que não se esvai, como seria de se esperar. É que a presença, antes prometida, perde a promessa e, sendo apenas presença, é tão completa que traz consigo o abandono, objeto mesmo do que se constitui a saudade.
Denise Magalhães
sábado, 2 de maio de 2009
Quando os lábios do tempo
pousarem finalmente
sobre a pobreza de minhas palavras
Que eu possa tecer
a trama de um sentido qualquer
no tecido de minha existência
e fazer de minha carne
o esteio de um poema livre.
Por hora o espio sentenciada
no aguardo do longo e traiçoeiro beijo
que me levará.
Denise Magalhães
pousarem finalmente
sobre a pobreza de minhas palavras
Que eu possa tecer
a trama de um sentido qualquer
no tecido de minha existência
e fazer de minha carne
o esteio de um poema livre.
Por hora o espio sentenciada
no aguardo do longo e traiçoeiro beijo
que me levará.
Denise Magalhães
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