terça-feira, 5 de maio de 2009


Carta sobre a saudade:

Falam da saudade que é uma presença da ausência. Existe, pois, em mim uma saudade eterna, onde a ausência é roubada pela promessa. É que a ausência, tão presente se faz, quase não permitindo que eu sinta falta do que ela se constituiu, pois a promessa já é a presença mesma em meu ser, do que, por um milésimo de segundo, também é a ausência de minha saudade. E, quando presente, o que ausente é uma presença prometida, quase a roubar o que seja saudade, esta mais ainda assim é que não se esvai, como seria de se esperar. É que a presença, antes prometida, perde a promessa e, sendo apenas presença, é tão completa que traz consigo o abandono, objeto mesmo do que se constitui a saudade.

Denise Magalhães

Um comentário:

Luciano Fraga disse...

Bela filosofada e não precisou ser em alemão.A cada instante a promessa de uma ausência e a perspectiva de nascimento de uma próvavel saudade, excelente reflexão, abraço.