domingo, 17 de fevereiro de 2013


Um escrito sobre Violeta Parra- ou sobre mim.

Assisti outro dia ao filme Violeta foi para o céu, (Violeta se fue a los cielos -  2011) sobre a vida de Violeta Parra e, à parte as questões técnicas sobre a qualidade do filme, ou sobre certas críticas que li de familiar da artista questionando a Violeta mostrada e a que não foi mostrada, quero falar aqui sobre vida e morte, com relação à esta grande mulher, conforme mostrada no referido filme biográfico.
Primeiramente falar do quanto o filme me emocionou, do quanto a força, o talento, o idealismo, o amor ao seu país me fizeram admirar Violeta, sobre a qual pouco ou quase nada sabia e vejo que realmente pouco se sabe e se mostra sobre sua arte e sua vida. Desde que assisti ao filme, fiquei tão impactada, que venho lendo sobre ela e tratei de adquirir um Cd, o que foi difícil achar, infelizmente; na loja que encontrei, depois de passar em várias, só tinha um. Digo infelizmente, pois lamento que uma artista como Violeta Parra, com tamanha importância poética, política, artística, com vários talentos, uma mulher como ela, não deveria ser tão pouco conhecida. Mas enfim, uma mulher, artista e na América-Latina não favorece mesmo o conhecimento; a mídia e os meios de comunicação de massa nos empurram o que importa a nível ideológico e econômico, ter acesso; o que lhes é conveniente para manutenção do controle ideológico e, assim, o estético. Encantou-me as letras e canções da Violeta, tamanha sensibilidade e força, ela é visceral, pungente, de uma verdade e personalidade forte, marcante. O filme mostra uma mulher determinada, comprometida politicamente com o seu povo, com a sua cultura e uma mulher livre, caso contrário, como criar? Durante o filme emocionei-me várias vezes, fui profundamente tocada pela arte e pela vida da Violeta e por que não dizer, pela morte também. Longe de qualquer julgamento de sua escolha em por fim à própria vida, se é que se pode chamar de escolha, falo disso aqui, pois, após vários dias depois de ter assistido ao filme, comprado um CD, ouvido suas músicas, pesquisado sobre sua vida, sua arte, visto fotos, observado as letras de suas canções, enfim, após tudo isso, hoje, semanas depois, foi que me dei conta de que o fato dela ter dado fim à própria vida me tocou muito mais do que imaginei.Quando assisti ao filme não sabia como ela havia morrido, e, após passar quase duas horas com aquela mulher tão sensível e tão forte, saber que ela se matou me incomodou muito, e só agora entendi o quanto e o por quê: tive medo, e talvez ainda tenha.


 Denise Magalhães

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