quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Segundo Dia

Não oblitero moscas com palavras.
Uma espécie de canto me ocasiona.
Rspeito as oralidades.
Eu escrevo o rumor das palavras.
Não sou sandeu de gramáticas.
Só sei o nada aumentando.
Eu sou culpado de mim.
Vou nunca mais ter nascido em agosto.
No chão de minha voz tem um outono.
Sobre meu rosto vem dormir a noite.

Manoel de Barros ( O Livro das Ignorãças)

2 comentários:

Luciano Fraga disse...

O ser e o nada numa pontualidade absurdamente espantosa, cada parágrafo um murro, abraço.

Beatriz disse...

Poema arrazador esse. Desconstrói qualquer forma possível.