terça-feira, 16 de junho de 2009

A Construção

Tenho passos pesados
e muitas bolhas nos pés.
É que carrego nos ombros
enormes casas vazias.
São armações pesadas,
construções que nem existem mais.
Fantasmas de cumeeiras,
caibros e ferragens
escorados em meu corpo
fincados em minha carne
como se eu fosse alvenaria.
Lá eu não vou,
apenas sinto o cheiro azedo
que exala dos escuros
vãos abandonados,
cheios de morcegos carnívoros.
À noite, sento na escada
tiro os sapatos,
e tremo.
Nem uma palavra
me diz.

Denise Magalhães

Um comentário:

Rounds disse...

bela poesia deni.

é sempre prazeroso passar por aqui.

bj

p.s: escrevi recentemente na la verga del buenas.