Li o belíssimo texto sobre o envelhecer "meu, nosso e vosso Destino"de Ângela em seu blog Aeronauta http://wwwaeronauta.blogspot.com.br/, e lembrei-me deste meu escrito, já postado há algum tempo neste blog; talvez porque tenha a ver com velhice e certas estranhezas outras "impróprias" para a idade.
Vertigem
Olho minha aparência bem comportada
E vejo um rosto enfurecido
Uma cabeleira desgrenhada
Numa armação esquisita.
Olho minhas mãos envelhecendo
E vejo uma textura opaca
Veias sobressaltadas
Riscos de memórias.
Nos meus dentes escovados
Restos de minha própria carne.
Dentro de mim, esse bicho
Sempre à espreita
Rondando, faminto.
Se me distraio ele ataca.
É sempre assim,
Esses olhos de cão sobre mim,
Esse tempo sanguinário,
Essa alma insana
e essa louca
a gargalhar por onde passo,
Como morte,
como algoz,
como sentença,
em mim.
Denise Magalhães
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2 comentários:
Belo e terrível o seu poema, Denise. Parece uma espécie de redemoinho, fatal e de extrema beleza! Dá arrepios lê-lo, uma sensação esquisita e deslumbrante por estar vivo.
Abraço.
Obrigada Ângela, coisas dessa vida em beira de abismos.
Abraço.
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