A morada.
Não existe algo que me remeta mais a mim do que esta cidade.
Do jeito que ela é: bela, caótica, suja e limpa, triste e alegre, repleta de estranhos.
Essas velhas paredes do meu minúsculo apartamento, sou eu;
com as reformas sofridas, camadas sobrepostas de tintas, janelas por trocar...
E essa porta de entrada, me sabe de tantas maneiras, e mesmo assim sempre se abre pra mim.
Esse chão, silenciosamente branco, me acaricia os pés, tão cansados da caminhada da vida.
O pequeno corredor, por onde passo há anos, percorre cuidadoso, todo o meu corpo.
Não sou eu quem escuta o som dessa velha geladeira, é ela quem me escuta, pacientemente.
Esses vãos ouviram compreensivos, o choro e o riso de minhas crianças, e o de minha criança.
Trocam-se os móveis, muda-se a arrumação, revesa-se de quarto, amanhece e anoitece.
Hoje somos eu e essa habitação, que não mais habito, apenas visito, mas que habita em mim.
Denise Magalhães
sexta-feira, 24 de junho de 2011
quarta-feira, 22 de junho de 2011
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Carta do Silêncio
Vertiginosamente,
Denise M.
Hoje comprei duas lindas flores de cerâmica, uma amarela, outra vermelha, e pus na entrada da minha casa. Minha casa merece flores. Pois é, deu uma vontade danada de florir minha casa, colorir. Lavei a varanda, dei banho nos cães, limpei a casa. Limpei. Arrumei. Lavei. Flori. As casas são assim, mudas, mas bem que sabem dizer, quando cuidadas, arrumadas. Apropriadas. Está dando uma vontade danada de ser minha casa.
Vertiginosamente,
Denise M.
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