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Diante da porta fechada
o transeunte anônimo
a cidade alienígena
Atrás da porta
minha casa em labaredas.
Denise Magalhães
quarta-feira, 30 de maio de 2012
domingo, 27 de maio de 2012
sábado, 26 de maio de 2012
A ópera Sansão e Dalila (Samson et Dalila em francês) do compositor francês Camille Saint-Saëns (1877-1921) é baseada no Livro dos Juízes da Bíblia. Foi estreada em 2 de dezembro de 1877 na Alemanha. A seguir a belíssima ária Mon cœur s'ouvre à ta voix de Camille Saint-Saëns para a ópera Samson et Dalila, interpretada pela soprano americana Jessye Mae Norman.
sábado, 19 de maio de 2012
Da madureza
Não quero que me compreendam
que me sigam
me aceitem
Já não preciso de aprovações
Licença da idade, talvez
Dos amargos da vida
Não queiram nem saber de mim
Agora sou trem descarrilhado
Rio fora da margem
Ventania sem direção
Se espalhando pelo céu
Devorando a vastidão
Como é bom esse des-controle
De mim
Tão solta
Tão sim
Denise Magalhães
quarta-feira, 16 de maio de 2012
Do cantar
Canto lá no meio do mato
Longe e em meio a tudo e todos
Que não me ouvem ou entendem
Pois que canto o canto em extinção
Canto para muitos
Ocupados com seus quintais
Canto por sobre as cercas
Para horizontes não
inaugurados
Esse canto insólito,
Fora de moda
Nesses tempos
Para me sentir digna
De estar aqui
E da minha vida
É canto de sentido
Rico de solidão
estofo
Na contramão.
Denise Magalhães
sexta-feira, 11 de maio de 2012
segunda-feira, 7 de maio de 2012
domingo, 6 de maio de 2012
Carta para os que gostam da solidão de si:
O Estranho mundo das providências
me absorvem cotidianamente, me arracam violentamente de mim mesma e me
transforma em um modo de ser público, tumultuado, atormentado de tantas vozes,
solicitações, premências. Passo por este perigo alienígena todos os dias, todas
as horas. Por isso é preciso que eu esteja sempre atenta para não me perder, não
sumir de mim. Preciso sempre me recolher no resguardo da minha singularidade,
no silêncio da minha unicidade em meio a esse emaranhado de coisas, pessoas,
afazeres. Preciso estreitar-me na estranheza familiar de mim mesma, no convívio
íntimo e apaziguador de meus fantasmas, medos, no onírico, no meu dessaber de
mim mesma, da vida, e de tudo o mais, no nada. Aquietar-me nas minhas
idiossincrasias, no abraço branco e confortante das paredes de minha casa, nas
sombras do meu quintal. Assim, ouço ao longe as agitações da cidade, mas elas
não mais me atingem. Estou protegida no meu nada, completa e só. Na serenidade
do mistério de tudo que não preciso saber, não quero saber, só quero estar nele
e deixá-lo assim, como mistério, em mim. Com todo o seu tremor, temor e abismo.
Essa é a sagrada vertigem da vida. Que consagro e que me deixo ser levada, onde
gosto de demorar-me, onde me encontro genuinamente, e tenho paz.
Vertiginosamente,
Denise Magalhães
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