quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Envenenada

Corra que estou plantada neste chão
e minhas raízes são venenosas
O zunido das palavras me saturam
uma vertigem às vezes me ocasiona
mas um silêncio enorme me acode
Minha cabeça é feita de pássaros
meu tronco apodrece dia a dia
agonia é dobra de tempo
Mas não há desespero,
entre asinhas perversas descubro:
a tormenta é feita de vozes.

Denise Magalhães

Dedicatória

Não penses que me tens
meu querido bem
Veja que nem eu mesma me tenho
Se o amor é passgeiro
eu o sou mais ainda
pouca coisa ainda me assombra
Não é a solidão o que me devora
Mas a sombra da infância
e desta não se liberta por inteiro.

Denise Magalhães
Desatino

Quando me destruo
sou de um requinte absurdo
Me desfaço de qualquer armação humana
Sou qualquer coisa amorfa
endiabrada e fedorenta
sou feliz.
Mas aí vem aquela vozinha insosa
falando de equilíbrio.
Por favor não me socorram
Sou tecida de caos
Não quero o céu
Quero o inferno
Pois que arder
é o verbo que me conjuga.

Denise Magalhães